O projeto Rede de Trabalhadores e Covid-19 realizou no último dia 30 de junho mais uma sessão cientifica. Dessa vez, a atividade contou com a apresentação da biomédica virologista Mellanie Fontes Dutra, que trouxe uma análise mais profunda sobre os perigos da gripe aviária H5N1, doença que voltou ao alerta das preocupações sanitárias.
Em sua apresentação, a pesquisadora mostrou o cenário completo sobre o vírus H5N1, classificado como um subtipo da influenza tipo A, altamente patogênico e extremamente contagioso entre aves. Descoberto em 1996 na China, o vírus veio ganhando alto destaque nas últimas décadas por contaminação muito alta e fácil, além de provocar surtos com alta mortalidade em aves domésticas e silvestres. Mas nos últimos cinco anos o cenário mudou e o alerta passou a ser a disseminação crescente entre mamíferos, incluindo casos em humanos.
Mellanie destacou que, o vírus ainda não apresenta transmissão sustentada entre as pessoas, o número de infecções em diferentes espécies como leões marinhos, felinos, canídeos e gado aumenta o risco de mutações, que podem facilitar em definitivo para os seres humanos. “Quanto mais espécies são infectadas, mais chances o vírus tem de se adaptar e encontrar uma forma eficiente de transmissão entre humanos” explicou.
A cientista apresentou uma linha do tempo que mostra a rápida disseminação do H5N1 nos últimos anos, incluindo sua chegada ao Brasil em aves silvestres em 2023 e, mais recentemente, em 2025, o primeiro foco registrado em sistema de avicultura comercial.
Para Mellanie, o momento atual é crítico pois estamos na fase de muitos casos esporádicos em humanos, um passo anterior à transmissão sustentada, e isso já é suficiente para ligar o alerta.
Um dos pontos de preocupação levantados por ela, é a ausência de imunidade na população, já que os humanos não possuem anticorpos contra o H5N1, a alta letalidade observada nos casos documentados e a falta de uma campanha estruturada de vacinação preventiva. “Ainda não há vacinação em massa contra o vírus. Há vacinas aprovadas para emergência em alguns países, mas isso não significa que estamos prontos”, disse.
A pesquisadora reforçou a necessidade de uma comunicação clara com a população, que evite alarmismo, mas que informe com responsabilidade. “Não podemos banalizar o risco. As pessoas precisam entender que não é seguro, por exemplo, encostar em um leão marinho encalhado ou tentar criar uma ave encontrada doente”, salientou.
Mesmo com os sistemas de vigilância e os planos de resposta tenham avançado desde a pandemia de Covid-19, ainda existem lacunas não preenchidas importantes. “Não é mais uma questão de ‘se’ o vírus vai chegar até nós com mais força, mas ‘quando’. Precisamos estar preparados para isso” concluiu.
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Escrita por Marcelo Gautte – Estagiário de jornalismo
Supervisionado por Thamiris Carvalho