A Rede de Informações e Comunicação sobre a exposição ao SARS-CoV-2 em trabalhadores no Brasil lança o seu nono informe com abordagem sobre as gestões dos riscos psicossociais relacionados ao trabalho durante a pandemia da Covid-19. Baseados em publicações da Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e evidências científicas divulgadas até o momento de sua elaboração, os informes têm como objetivo contribuir para o enfrentamento da pandemia da Covid-19.
As condições estressantes impostas pela pandemia, como o isolamento social e o trabalho home office devido às incertezas científicas impostas pela efetividade da proteção à saúde do trabalhador e trabalhadora, contribuíram bastante para o sofrimento mental desses colaboradores.
O informe alerta que “trabalhadores em atividades remotas estão expostos a riscos psicossociais específicos, como isolamento, limites pouco definidos entre horários de trabalho e o tempo destinado à família, bem como ao aumento do risco de violência doméstica”. Para tais fatos, o documento salienta a importância de gerenciamento de risco psicossocial, já que o nível de estresse, segundo o boletim, pode desencadear problemas de saúde física e mental.
O documento sugere que essa avaliação de risco deve ser feita de forma integrada com a gestão dos sistemas de segurança e saúde do trabalhador, além de planos de resposta e/ou de ações de emergência, orientados por procedimentos de retorno presencial.
Longas jornadas de trabalho, redução dos períodos de descanso, aumento da carga de trabalho e pressão, violência e assédio são considerados fatores de riscos psicossociais, ergonômicos, químicos, dentre outros. Esses fatores externos podem afetar a saúde metal do trabalhador.
O informe lista 10 áreas, das quais são de fundamental importância a prevenção, a mitigação de riscos psicossociais e os eventuais problemas de saúde mental durante a pandemia. São elas: Ambiente e Equipamento, como a má qualidade do ar, o ruído e as condições ergonômicas, que tendem a promover efeitos negativos sobre a satisfação dos trabalhadores e sua saúde mental; Carga, Ritmo e Horário de trabalho, que podem estar relacionados ao aumento do absenteísmo, à licença por transtornos mentais – como depressão e ansiedade –, esgotamento, doença cardíaca coronária e queixas musculoesqueléticas; Violência e Assédio, que tendem a aumentar durante o surto de doenças infecciosas, além do desenvolvimento de estigma social e discriminação; Equilíbrio Trabalho-Vida, que é a restrição da vida pública, o isolamento, dentre outros elementos que contribuíram para a deterioração do equilíbrio da vida no trabalho, com efeitos negativos sobre a saúde mental dos(das) trabalhadores(as); Segurança no Trabalho, ou seja, a incerteza sobre o futuro e a falta de garantia de emprego estão associadas ao aumento do estresse, ansiedade, depressão, Síndrome de Burnout, baixa motivação podendo levar o(a) trabalhador(a) ao aumento da carga de trabalho e possíveis implicações na saúde; Gestão de Liderança, evidenciando que a implantação de programas integrados de SST com a participação dos(das) trabalhadores(as), incluindo aspectos psicossociais, reduz ansiedade, depressão e estresse, com impacto positivo na saúde mental e no bem-estar, assim como o número de licenças médicas e aposentadorias por invalidez; Comunicação, Informação e Treinamento, que facilita a colaboração e a participação dos(as) trabalhadores(as); Promoção da Saúde e Prevenção de Comportamentos Negativos, já que riscos psicossociais e o estresse relacionados ao trabalho estão associados a comportamentos prejudiciais; Apoio Social e Ambiente de Trabalho Positivo, que inclui uma variedade de mecanismos, como motivação, suporte emocional, fornecimento de informações com a intenção de ajudar na resolução de problemas, conselhos e assim por diante; Suporte Psicológico, que seriam locais de trabalho onde é oferecido apoio profissional ou psicológico, com maior probabilidade de que o trabalhador busque e receba ajuda adequada.