O segundo informe da Rede de Informação sobre a Exposição ao Agente SARS-Cov-2 no Trabalho, lançado nesta segunda-feira, 6 de julho, objetiva evidenciar a mortalidade pelo novo coronavírus na classe de trabalhadores e trabalhadoras. Segundo consta do documento, a análise sobre ocupação, características desse segmento e a mortalidade pelo SARS-Cov-2 ajudam no entendimento de maior probabilidade de exposição.
O documento traz como fonte o boletim Office for National Satatistcs¹, único registro que analisa as mortes pelo novo vírus segundo orientação e sexo na Inglaterra e País de Gales. O boletim alerta que as populações vulneráveis têm a maior taxa de mortalidade, independente do nível de desenvolvimento socioeconômico dos países.
Segundo o informe, comparando os sexos, a taxa de mortalidade para os homens é maior do que a das mulheres nas classes consideradas menos qualificadas. Seguranças, taxistas, chefes de cozinha, motoristas de ônibus e assistentes de vendas de varejo foram as atividades que mais apresentaram mortalidade masculina dentro dessas classes.
O informe analisou, também, mortalidades na classe de assistentes sociais, prestadores de trabalhos comunitários e cuidadores dentre outras. Porém, o documento chama a atenção para a classe de trabalhadores da Saúde com maior qualificação, como médicos e enfermeiros, que não apresenta alta taxa de mortalidade pela Covid-19. No entanto, para trabalhadores da área da Saúde que possuem menor qualificação, como auxiliares de dentistas, auxiliares de veterinários e parteiras, o documento expõe o inverso: a taxa de mortalidade é alta, atingindo, principalmente, as mulheres. Análises como faixa etária e etnia também são consideradas no estudo e expostas no texto.
O documento ressalta ainda que, apesar de o estudo ter como referência um país desenvolvido, a realidade do aumento das mortalidades em populações vulneráveis se replica por todo o mundo, atingindo, em especial, mulheres negras que atuam no setor de enfermagem, o que é confirmado em outro documento também citado no informe — Boletim CoVida.
Em uma observação final, o documento mostra o impacto, por duas vias de exposição, do aumento significativo da curva, formado pelo trabalho e as condições de vida e saúde anteriores à pandemia.
Rede de Informações e Comunicação sobre a Exposição de Trabalhadores e Trabalhadoras ao SARS-COV-2
A Rede de Informações e Comunicação sobre a Exposição de Trabalhadores e Trabalhadoras ao SARS-COV-2 surgiu devido à crescente demanda dos trabalhadores por informações, para orientar os planos de contingência e protocolos por local de trabalho e ramos produtivos, conhecendo, assim, as condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores dos serviços essenciais que estão atuando não apenas junto a pacientes, como também à população potencialmente infectada pelo SARS-CoV-2, para subsidiar ações de mitigação dos riscos à saúde.
A rede utiliza dados, informações, conhecimento e comunicação para produzir os documentos que servirão de base para esses trabalhadores. A rede é constituída pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), incluindo o Centro de Estudos e Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP/Fiocruz), a Plataforma Renast On-line – Fiocruz Brasília, a Universidade Federal da Paraiba e o Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e Ambientes de Trabalho (Diesat).
Instituições internacionais também estão na articulação feita pela rede para dinamizar o trabalho e cooperar com o desenvolvimento das metodologias do projeto, com base em três áreas do conhecimento, ciência da computação — pela The University of British Columbia, epidemiologia ocupacional — pela Fondazione IRCCS Ca’ Granda Ospedale Maggiore Policlinico e ação coletiva — pela Universidad Nacional de Colombia.
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