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Paracoccidioidomicose (PCM) – Endemia Latino-Americana – Doença Ocupacional Negligenciada

escrito por Ziadir Coutinho e Dayvison Freitas, participantes da oficina de trabalho de PCM

A Paracoccidioidomicose foi tema de uma oficina de trabalho, na Fiocruz-RJ, por iniciativa conjunta INI e Ensp, no dia 16 de outubro de 2024. O objetivo foi debruçar um olhar amplo sobre o agravo.
A PCM é causada por fungos do gênero Paracoccidioides, que se encontra na lista dos patógenos prioritários da OMS. Todos os casos autóctones do mundo foram descritos na América Latina, endemia brasileira por excelência, pois, cerca de 80% dos casos registrados no mundo são reportados no Brasil. O seu agente foi descrito por Adolfo Lutz (Lutz, 1908; Lacaz,1982).
Pleiteia-se que no Brasil o Ministério da Saúde a considere uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional, como também o reconhecimento explicito da OMS como uma doença tropical negligenciada (DTN).
A endemia mostra uma marcante clivagem ocupacional, pois 50% daqueles que informaram sua profissão são constituídos de trabalhadores rurais, seguidos por trabalhadores da construção civil, que representavam aproximadamente 20%, com apreciável contingente formado por egressos do campo que, chegando nos centros urbanos são absorvidos na indústria da construção civil, como mão de obra não especializada (Coutinho 2002).

Pesquisadores abordaram vários temas sobre a doença e sua ambiência, tais como: micoses e saúde pública, aspectos socioepidemiológicos, formas clínicas da doença, vigilância das doenças infecciosas, gargalos no diagnóstico e no tratamento das micoses sistêmicas, transformações no campo brasileiro e impacto na saúde, movimentos populacionais, agrotóxicos, em particular, os com ação fungicida e seus efeitos nos seres humanos, na fauna e na flora.
A PCM foi também objeto de atenção visando problematizar a tipificação de um agravo como ocupacional nos dias atuais.

O vídeo pode ser acessado clicando aqui.