Em uma entrevista para o portal Interface, o geógrafo e pesquisador em Saúde Coletiva da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e integrante da Rede Trabalhadores e Covid-19, Allan Rodrigo de Campos Silva, alertou sobre o impacto do modelo do agronegócio na produção de doenças. Para ele, o modelo funciona como uma “cozinha epidemiológica”, ajudando no surgimento de epidemias combinando o desmatamento e o confinamento animal em larga escala. “Junto com o uso de agrotóxicos sem controle, isso cria um ambiente favorável para futuras epidemias”.
O pesquisador afirmou que o modelo produtivo baseado nos princípios da monocultura e criação de animais acima do limite é bastante perigoso. Ele lembrou que ao padronizar o material genético dos animais e submeterem eles a esses ambientes confinados e estressantes criam condições ideais para que vírus se tornem mais letais e se espalhem mais rápido.
Allan também criticou o jeito que esse modelo é naturalizado, como uma forma de sucesso de negócio. Segundo ele, no Brasil, o agronegócio é uma força econômica e política, sendo assim, difícil de contestar ou realizar qualquer tipo de investigação contra e quem se propõe a denunciar seus impactos. “Frequentemente essas pessoas sofrem perseguição”, afirmou o pesquisador.
Para o portal, o pesquisador também comentou sobre a chamada “Saúde Única” (One Health) que funciona dentro de uma lógica de gestão de catástrofes e não da interrupção das suas causas.
A entrevista destacou a importância de abrir o olhar sobre os fatores estruturais que determinam o surgimento de novas epidemias. Ao propor a “Saúde Única Estrutural”, Allan salientou a necessidade de considerar os fluxos econômicos, as formas de ocupar o solo e os interesses corporativo das crises sanitárias. “Enquanto as abordagens convencionais tendem a operar dentro de lógicas disciplinadoras e colonizadoras, é preciso enfrentar os mecanismos que produzem os territórios da doença e não apenas gerenciar depois que as emergências já estão feitas”, pontuou.
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