A Rede de Informações e Comunicação sobre a Exposição de Trabalhadores e Trabalhadoras ao SARS-CoV-2 (Rede Trabalhadores & Covid-19) abordou, na sessão científica do mês de julho, um tema que vem ganhando cada vez mais destaque dentro do meio científico: a Covid longa.
Para explicar tais condições, a Rede Trabalhadores & Covid-19 convidou o pesquisador titular da Fiocruz Hermano Castro para apresentar o estudo O que é Covid longa? Segundo o pesquisador, a condição da Covid longa é caracterizada com o aparecimento de sintomas, tais como fadiga, depressão, tosse persistente, perda de memória, desânimo, dentre outros, a partir de 24 semanas após o contágio pela doença, sem nenhum outro diagnóstico que explique os sintomas, considerando diversos fatores.
Um deles, como explica o pesquisador, é denominado fase de transição da doença, que leva em conta os resquícios que permaneceram no paciente devido a forma como ele enfrentou a Covid-19; um exemplo é o caso de pacientes que tiveram complicações e precisaram de entubação. “Passando essa fase de transição, os sintomas que aparecem são considerados Covid longa.”
Em levantamento feito para o estudo, o pesquisador Hermano Castro mostra que esse novo estágio da doença atinge diretamente a saúde pública e o trabalho, principalmente em populações mais vulnerabilizadas, além de dividir a doença em dois grupos, um com sintomas mais leves e outro com sintomas mais pesados, sendo apresentados de formas diferentes por pacientes que precisaram de ventilação mecânica, por exemplo.
Covid longa X Trabalho
Os trabalhadores são afetados diretamente pelos sintomas da Covid longa. Muitos dos sintomas relacionados a doença afetam no retorno ao trabalho, como explica o pesquisador. “A síndrome pode despertar sintomas que influenciam na execução das suas atividades”. E o quanto a Covid longa é comum? Um contexto epidemiológico apresentado pelo pesquisador mostra que 1 a cada 10 pessoas infectados pela doença apresentaram sintomas da Covid longa por um período de 12 ou mais semanas. O contexto indica ainda que o pós doença pode atingir até 10% das pessoas infectadas que não precisaram de internação, com ou sem comorbidades. O número aumenta para 80% analisando pessoas na mesma condição que precisaram de internação. Em resumo, o estudo aponta que 50% das pessoas infectadas pela Covid-19 terão sintomas da Covid longa. “Temos um elevado número de ausência por conta da pós Covid”, salientou o pesquisador, que explicou ser necessária a avaliação de alguns pontos para o retorno ao trabalho, já que ainda não existe nenhum protocolo específico servindo como base de orientação, como a avaliação do processo de trabalho, avaliação de fatores que poderiam impedir o retorno ao trabalho, como localização e acesso ao ambiente de trabalho, e a definição de plano de retorno ao trabalho.
Acompanhamento da Covid longa
Por ser de extrema importância o acompanhamento de pacientes que manifestam a Covid longa, Hermano Castro adiantou um dos projetos em andamento, em parceria com o Cesteh e o Instituto Nacional de Infectologia (INI), para acompanhar todos os trabalhadores que passaram pelos hospitais da unidade da Fiocruz, com o objetivo de identificar os que manifestaram a Covid longa. “Faremos o acompanhamento pneumunológico, que começa em julho, dos pacientes que ficaram internados”, ressaltou o pesquisador, adiantando que o projeto pode atender pacientes vítimas da doença que procurarem a unidade.
A apresentação e as referências encontram-se em anexo.
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Assista a apresentação do estudo completa no vídeo abaixo: