A Rede de Informações e Comunicação sobre a Exposição ao SARS-CoV-2 em Trabalhadores no Brasil (Rede Trabalhadores & Covid-19) apresentou para as procuradoras do Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) Cirlene Luiza Zimmermann, Junia Bonfante Raymundo e Marcia Cristina Kamei o “Estudo de coorte sobre morbimortalidade relacionada à condição pós-covid-19 em trabalhadores offshore”, uma nova etapa do projeto que tem como objetivo identificar, estimar e descrever a extensão e gravidade da condição de saúde pós covid-19 nesses trabalhadores.
Na reunião as procuradoras puderam conhecer um pouco mais do estudo, que recebe financiamento da entidade. A pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP/Fiocruz), e uma das coordenadoras do projeto, Liliane Teixeira, explicou a metodologia do estudo, que está dividido em quatro eixos.
A nova fase do projeto terá ações com triangulação de métodos. São eles: coleta de informações, ação coletiva, epidemiologia em saúde do trabalhador e ciência da computação. Além dos parceiros já existentes no projeto, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estarão presente em ações mais conjunta e mais participativas nessas etapas.
Estudos do projeto
A primeira parte do estudo é identificar e descrever indicadores de sintomas relacionados a Covid longa. É o que explica a pesquisadora. “Esse estudo é a revisão sistemática da prevalência da condição pós-covid-19 em trabalhadores, em comparação com a população geral”, salientou.
A segunda parte é desenvolver um protocolo de acompanhamento de trabalhadores com covid longa, seguido pela avaliação da prevalência de condições pós-covid, analisando as condições da doença em trabalhadores offshore, que contempla a terceira parte do estudo.
O estudo quatro, intitulado “Morbidade em trabalhadores Offshore expostos condição pós-covid-19 em plataformas de petróleo” visa analisar a morbidade em trabalhadores Offshore expostos à condição pós-COVID-19 em plataformas de petróleo. Nessa etapa, será realizado um estudo transversal com a população de casos confirmados da doença que trabalha em plataformas de petróleo Offshore, seguindo um grupo de comparação que serão acompanhados por um período. Esses grupos serão divididos em trabalhadores sem sintomas, com sintomas persistentes da COVID-19, com síndrome pós-COVID-19.
Coleta de dados
Como será feita a coleta de dado? Essa preparação foi explicada pela pesquisadora como uma das mais complexas. “A preparação será de, no mínimo, seis meses a um ano, e está dividida em seis etapas”, explicou. As etapas vão desde a coleta de dados dos empregadores e trabalhadores, como sociodemográfico, saúde, patologias pregressas e atuais, histórico familiar, dentre outros, até a educação em Saúde do Trabalhador, uma etapa considerada importante tanto pelas pesquisadoras como pelas procuradoras, estimulando até uma futura formação na área de saúde do trabalhador. “Na etapa seis teremos a elaboração e validação de conteúdo informacional de educação em saúde do trabalhador Offshore, de modo participativo, com os sindicatos e empresas”, salientou Liliane Teixeira.
O projeto atual teve como desdobramento a construção do site do Observatório do impacto das doenças infecciosas no trabalho, que tem por finalidade central subsidiar a tomada de decisões e contribuir para ações integradas, intra e intersetoriais, na área de Saúde do Trabalhador.
Com a realização do estudo, o projeto espera identificar as relações do processo saúde-doença e do processo de trabalho desta população e das desigualdades sociais além do debate com associações de classe, sindicatos, empresas, instituições de ensino, pesquisa e de instâncias de governo sobre a covid longa.
Além da apresentação do novo estudo, as também coordenadoras do projeto Rita Mattos e Maria Juliana Mourão levantaram assunto que futuramente podem complementar ainda mais o campo da saúde do trabalhador, como uma formação específica para trabalhadores e até mesmo estudantes de medicina.