A Rede de Informações e Comunicação sobre a Exposição ao SARS-CoV-2 em Trabalhadores no Brasil (Rede Trabalhadores & Covid-19) participou de mais uma atividade importante para o campo da Saúde do Trabalhador, o 10° Encontro da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast). Conhecido popularmente como “Renastão”, o evento comemorou 20 anos da sua criação reunindo diversos especialistas e pesquisadores renomados na área da ST para discutir e apresentar as experiências exitosas que vêm sendo desenvolvidas nos territórios pelos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) e demais instituições.
Uma das coordenadoras, Rita Mattos, da Rede Trabalhadores & Covid-19 apresentou a rede na mesa intitulada “Articulação intra e inter setorial das ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador”, que teve a moderação da consultora técnica da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador Karla Nicole Ramos de Oliveira e a participação do docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Sergio Roberto de Lucca e da procuradora do trabalho de Porto Alegre Priscila Dib Schvarcz.
Em sua fala, Rita Mattos contou para os presentes como começou o projeto da Rede, iniciado com a demanda dos petroleiros a procura de informações com poder técnico e científico para enfrentar o momento da pandemia da Covid-19. “Faltava comunicação e informação, e tivemos que pensar como proceder naquele momento para resolver a demanda apresentada por eles”, explicou a pesquisadora, que apresentou o jeito encontrado pela Rede, a triangulação de métodos, o que formou uma ação coletiva. Atualmente, a Rede tem como publico alvo o setor alimentício, frigorifico, educação, saneamento, saúde e postos de revendas de combustível.
A pesquisadora salientou que essas informações chegam até os trabalhadores por meio de pareceres, notas técnicas e informes, e que geram a comunicação por meio da elaboração de notícias e podcasts. Esses meios de publicação ganharam destaque, na fala da coordenadora, por ser mais acessível aos trabalhadores gerando uma maior interação. “É uma forma mais rápida e dinâmica. Eles absorvem melhor o conteúdo, eles escutam a hora que quiser, recebendo as nossas informações”, salientou ela, mostrando logo em seguida os breves resultados do questionário da Rede, com quantitativos significativos, que ajudarão a criar ações para a melhoria da saúde do trabalhador diante da Covid-19 e de outras doenças infectocontagiosas presentes nos ambientes de trabalho.
O Observatório do Impacto das Doenças Infectocontagiosas nos Ambientes de Trabalho, desdobrando do projeto da Rede, também foi apresentado. Segundo a pesquisadora, o site já existe e está sendo alimentado com conteúdo. Ela aproveitou para alertar aos convidados que eles poderão contribuir com informações para a plataforma quando ele estiver pronto. “A ideia é ter pontos focais, que possam trazer a alimentação do observatório, não só no ponto de vista de informações gerais como do ponto de vista acadêmico”.
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O professor Sergio de Lucca, da Unicamp, integrante de um GT que participa da Frente ampla em defesa da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, apresentou o Observatório Nacional em Saúde Mental e Trabalho, formada por universidades de diversas regiões do pais, participação sindical e Cereste’s, e que tem como objetivo fazer o monitoramento da situação da saúde metal dos trabalhadores, incluindo índices de suicídio. O professor salientou que a saúde mental está ameaçada por ter enfrentado inúmeros problemas relacionados ao trabalho, como a precarização, a falta e o medo de perder o emprego, por exemplo. Segundo ele, desde 2017 diversos retrocessos, como a reforma trabalhista e previdenciária, que tiraram o direito dos trabalhadores, afetaram a saúde mental da classe.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho de Porto Alegre Priscila Dib Schvarcz apresentou o projeto de Promoção de Regularidade das Notificações de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho. A ideia do projeto é reduzir os acidentes de trabalho, que tem dois vieses, um projeto de promoção da regularização das notificações, realizados junto as empresas, e o de fiscalização, que atua em locais com maiores denúncias de empresas que subnotificam esses acidentes.