A Rede Trabalhadores e Covid-19 lançou o seu 13° Informe intitulado Brucelose e Trabalho em uma sessão científica que contou com a participação de médicos, veterinários e estudiosos sobre o tema. E para todos os participantes, uma preocupação em comum: o fato da doença ser negligenciada. A sessão científica contou com, aproximadamente, 100 participantes para conhecer as informações dispostas no Informe 13.
Moderada pelo médico do trabalho e integrante da Rede, Roberto Ruiz, a atividade contou com a participação da diretora de Ética e Defesa Profissional da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Simone Assalie, representando o presidente da Associação, Francisco Corte Fernandes. A diretora destacou a importância de um tema tão relevante estar sendo tratado pela Fiocruz, ressaltando dois motivos: o fato de ser uma doença infectocontagiosa, que se tornou uma grande preocupação para a medicina depois da Covid-19, e por ser uma doença dos trabalhadores rurais que mesmo tendo uma grande relevância no pais, ainda é rudimentar o conhecimento técnico de doenças relacionadas a esse tipo de trabalho.
A Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (DSAST /SVSA/MS), Rejane Alves, enfatizou a importância do trabalho integrado entre as várias áreas para o controle da brucelose tanto no ser humano como no animal. Além disso, ela ressaltou que todo o conhecimento já existente sobre a doença precisa chegar aos trabalhadores.
O colaborador técnico de Vigilância Epidemiológica da Brucelose Humana, no Departamento de Doenças Transmissíveis, da Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial da Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Marcelo S. Bourdette, salientou a importância da iniciativa já que, segundo ele, está faltando muita pesquisa, investigação e trabalho acadêmico a respeito da doença no Brasil, principalmente a respeito da brucelose ocupacional.
Já o integrante do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Mateus da Costa Lange, pontuou que as zoonoses existentes são uma realidade na medicina veterinária, porém, muitas delas são negligenciadas. Ele reforçou ainda a importância do conceito de saúde única, onde a saúde das pessoas e dos animais estão interligadas.
Após as falas os convidados, Roberto Ruiz apresentou o Informe publicado pela Rede. Ao todos, o documento tem 16 páginas com informações sobre a epidemiologia da doença, diagnósticos e condutas de ações, além de orientações gerais. O informe foi elaborado por diversos pesquisadores, médicos e médicos veterinários da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e instituições parceiras.
Em sua fala, o médico do trabalho reforçou que as zoonoses são negligenciadas em todo o mundo e que esse movimento se repete no Brasil, tornando as taxas de subnotificações no país bastante altas. “É muito interessante porque temos estados no Brasil que tem o controle muito bom do ponto de vista da brucelose animal, a exemplo, Santa Catarina. Entretanto, a questão da atenção a brucelose humana é muito insuficiente”, pontuou o médico, ressaltando que o diagnostico da doença em humanos é bastante amplo, o que dificulta o diagnóstico laboratorial, além do acesso para esse diagnostico ser bastante complicado.
Você pode baixar o Informe 13, Brucelose e Trabalho: uma zoonose negligenciada clicando aqui.
A atividade completa está disponível no vídeo abaixo, confira!