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Rede de Trabalhadores & Covid-19 apresenta resultados do projeto e Observatório

A Rede de Informações e Comunicação sobre a Exposição de Trabalhadores e Trabalhadoras ao SARS-CoV-2 no Brasil (Rede Trabalhadores & Covid-19) realizou mais uma sessão científica. Dessa vez, o objetivo foi mostrar os resultados gerados pela Rede, além de apresentar o Observatório do Impacto das doenças infecciosas no trabalho.

O projeto é formado por profissionais do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), Diesat, Fiocruz Brasília, Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e diversos profissionais da área de Saúde do Trabalhador. Seu objetivo é contribuir com a produção e disseminação de informações sobre o enfrentamento à pandemia a fim de orientar sobre a prevenção à saúde dos trabalhadores, além de desenvolver instrumentos de registro da situação de exposição no trabalho, para subsidiar o trabalho dos encarregados de políticas nas tomadas de decisões.

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Os resultados foram apresentados pela pesquisadora colaboradora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenadora da Rede Trabalhadores e Covid-19, Maria Juliana Moura Correa. “Muitos desses resultados também foram a resposta de demandas solicitadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e sindicatos”, ressaltou a pesquisadora. Ao todo, foram dois pareceres destinados ao setor petroleiro, duas recomendações, uma para o setor de petróleo e gás e outra para os trabalhadores da saúde do Rio Grande do Sul, além de uma Nota Técnica sobre período de isolamento, reflexões sobre testes da Covid-19, aprimoramento dos critérios de prioridade para a vacinação e resposta sobre o ofício LP – 140/21.

Outro resultado apresentado pela pesquisadora foi a participação, com o Cebes e Abrasco, na assinatura da Nota Técnica Aprimoramento dos critérios de prioridade para a vacinação contra a Covid-19. “Assinamos um documento que pedia o aprimoramento dos critérios de prioridades de vacinação para os trabalhadores. O resultado dela é que não consideramos adequados idade e comorbidade como maior risco para vacinação”, salientou Juliana.

Comunicação de Risco 

A etapa da comunicação de risco também gerou grandes resultados para o projeto. Por meio de um questionário, os próprios trabalhadores registraram dados sobre organização do trabalho e percepção de risco. Dividido em duas modalidades – a primeira aborda a estrutura de trabalho presencial, e a segunda, o trabalho remoto –, o questionário gerou dados que serão utilizados para futuras ações da Rede. Ao todo, 1.945 trabalhadores responderam às perguntas, desses, 723 responderam completamente. A maioria deles em trabalho presencial, 523 trabalhadores, com 252 mulheres e 256 homens. Já no trabalho remoto, as mulheres são maioria com grande diferença: 132 mulheres, mas apenas 37 homens. Nas outras classificações, tanto para trabalho presencial como remoto, os resultados foram semelhantes. Em ambos, as respostas mostraram que a maiorias de trabalhadores e trabalhadoras se classificaram como brancos, casados, com nível de terceiro grau completo, renda de 4 a 10 salários mínimos e carga de trabalho de 21 a 40h semanais, a maioria deles são do Rio de Janeiro, seguidos por São Paulo e Rio Grande do Sul. A maioria das respostas foram dadas por profissionais com atuação no ramo de atividade econômica em saúde humana e serviços sociais. Já por grupos de atuações, a maioria foram profissionais das ciências e das artes.

Ao apresentar os dados dos casos confirmados de Covid-19, a pesquisadora salientou como o distanciamento social foi importante para os trabalhadores, já que, dos dados coletados, 263 trabalhadores afirmaram ter tido contato com pessoas contaminadas pela doença no ambiente de trabalho. Outro ponto que chama a atenção é sobre a orientação das empresas em caso de contaminação, pois a maioria dos trabalhadores apontaram que 71% foram orientados para cumprir o isolamento por 14 dias seguidos. Em contrapartida, 14% de trabalhadores não tiveram nenhuma orientação dos empregadores em relação ao distanciamento.

Outros pontos foram apresentados pela pesquisadora como a realização de testes para diagnósticos da doença, a confirmação da Covid-19, os principais sinais e sintomas da doença, comunicação e testagem, sintomas da saúde mental e busca de assistência. O Inquérito Covid-19 em Expostos ao Amianto, uma iniciativa de apoio ao Cerests, atendendo uma solicitação da procuradora do Ministério Público do Trabalho Aline Brasil, foi mais uma das ações da Rede que também gerou grandes resultados para estudos do projeto, além de parcerias com diversos sindicatos que forneceram dados por meio de trabalhos realizados por pesquisadores de cada uma dessas instituições. Desdobramentos, como a implantação do Plano de Vigilância à Saúde do Trabalhador em Macaé, que visa realizar diagnóstico dos indicadores de morbimortalidade da rede de recursos humanos e serviços na saúde do trabalhador, dentre outros, também vem sendo colocado em prática pela Rede.

Observatório do impacto das doenças infecciosas no trabalho

A etapa final do projeto Rede Trabalhador & Covid-19 já está em fase de criação. É o Observatório do impacto das doenças infecciosas no trabalho, que objetiva divulgar as condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores, atuantes no formato presencial e remoto, e seus efeitos à saúde, especialmente dos trabalhadores essenciais que não atuam na saúde, além de divulgar os resultados adquiridos pela Rede Trabalhadores & Covid-19. Segundo a coordenadora da Rede e pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), Rita Mattos, o observatório será um instrumento voltado para os trabalhadores com participação ativa desse público. “A ideia é que o observatório sirva para a população trabalhadora, bem como seja alimentado por ela”, salientou Rita Mattos, explicando que o ponto focal para essa interação será os Stakeholders, compostos de sindicatos e outros parceiros que compartilharão informações para alimentar o observatório.

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Assista a atividade completa abaixo: