A Rede de Informação e Comunicação sobre a exposição ao Sars-Cov-2 em Trabalhadores e Trabalhadoras realizou uma reunião virtual com sindicalista e trabalhadores do setor frigorífico e alimentício com o objetivo de apresentar o projeto do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública (Cesteh/ENSP/Fiocruz) e do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas em Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat) para os movimentos sindicais. A atividade também apresentou aos trabalhadores o novo questionário da Rede, que objetiva buscar respostas dos trabalhadores considerados essenciais na pandemia da Covid-19.
O médico do trabalho Roberto Ruiz moderou a atividade e ressaltou aos trabalhadores presentes a importância de eles se apropriarem da Fiocruz para “aproveitar tudo o que ela tem para oferecer; ainda mais neste momento de Covid-10 no ambiente de trabalho, como esse projeto da Rede.”
A atividade teve como foco a apresentação do questionário para esse novo grupo sindical. Segundo uma das coordenadoras do projeto, Rita Mattos, o questionário da Rede de Informações não visa apenas avaliar a exposição dos trabalhadores ao vírus Sars-Cov-2. “Outro ponto que é muito importante para nossa avaliação é o ambiente do trabalho onde esses colaboradores estão expostos.”
Para aprofundar ainda mais as informações e atender aos trabalhadores, a Rede criou o questionário digital – um instrumento de comunicação de risco nos ambientes de trabalho –, com base no registro de dados sobre organização do trabalho e percepção de risco, que será preenchido pelos trabalhadores.
E para falar mais sobre ele, o coordenador técnico do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas em Saúde e dos Ambientes de Trabalho, Eduardo Bonfim, apresentou o formato do questionário para os trabalhadores, além de uma breve demonstração de como preencher o documento.
O Questionário
Segundo Eduardo Bonfim, o questionário tem como objetivo compartilhar experiências dos trabalhadores que o preenchem, já que as perguntas são voltadas para conhecer a realidade do trabalhador tanto no ambiente de trabalho como as questões de saúde. Por isso, segundo o pesquisador, é muito importante a consolidação e preenchimento total do questionário, já que, com base nas respostas, serão geradas novas informações para os trabalhadores. “É um ganho para todos os colaboradores do país.” (Foto do questionário)
O questionário tem uma interface simples e de fácil compreensão, levando apenas cinco minutos para seu preenchimento total. Além disso, o trabalhador ou trabalhadora tem a opção de se identificar ou não. Perguntas sobre ambiente de trabalho, contato com o vírus Sars-CoV-2, sintomas apresentados e busca por assistência mental são alguns dos temas abordador pelo questionário. (Foto do questionário)
Para Eduardo Bonfim, o questionário só terá sucesso e bons resultados se todos aderirem a ele. “Os trabalhadores são parte fundamental do projeto.”
A Rede de Informações
A Rede de Informação e Comunicação surgiu por meio de uma demanda do Sindicato dos Petroleiros, que buscaram os pesquisadores do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP) para algumas situações pontuais em relação à exposição ao coronavírus. Essa foi uma das problemáticas que levaram os departamentos da Fiocruz (Cesteh/ENSP), junto com o Diesat, a criarem os informativos.“Identificamos a necessidade de melhor resposta em apoio a esses sindicalistas”, salientou Rita Mattos.
Para Eduardo Bonfim, o projeto une informações de forma bem distinta àquelas que vêm sendo divulgadas pela grande massa. “ A ideia é partir do saber da classe trabalhadora, o que significa discutir a Covid-19 no ambiente do trabalho, não apenas baseado na mídia, informações das Secretarias e do Ministério da Saúde. Isso é dar vez e voz para os trabalhadores que estão de frente para essas circunstâncias”, ressaltou.
A Rede tem como objetivo não levar apenas informações científicas e técnicas, mas também passar as informações de forma palatável aos trabalhadores. São baseadas em quatro pilares de atuação (Comunicação em Saúde e Informação; Monitoramento dos trabalhadores expostos; Mobilização, Articulação e Advocacy; Registro e Memória), e Eduardo citou a importância desse modelo de comunicação. Segundo ele, com esse formato, os pesquisadores conseguem entender melhor a demanda dos trabalhadores. “Estamos dialogando com vários autores. Aos poucos, estaremos integrando com vários ramos de atividades.”
Para outra coordenadora do projeto, a pesquisadora colaboradora da Fiocruz, Maria Juliana, não basta só fazer a pesquisa, mas sim ter uma rede em que todos – sindicatos, trabalhadores e pesquisadores – façam parte. “Nós nos organizamos de maneira muito rápida para que a classe trabalhadora tivesse informações científicas da forma mais ágil possível, e não fake news.
Além disso, a pesquisadora salienta o diferencial considerado importante no questionário da Rede de Informação. “A preocupação dos questionários atuais é sempre mais voltada aos profissionais de saúde. Nós conseguimos juntar um sistema que engloba todos os trabalhadores para saber sobre o excesso de trabalho, a carga de trabalho. E isso é importante”, concluiu.
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