No retorno da sessão científica da Rede Trabalhadores e Covid-19, a coordenação do projeto convidou a gerente de Saúde do Trabalhador da Diretoria Estadual de Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Regina Dal Castel Pinheiro para falar sobre as “Ações de vigilância em saúde do trabalhador relacionadas a Covid-19 nos frigoríficos instalados em Santa Catarina”, trabalho reconhecido em todo o Brasil por ter como iniciativa um banco de dados com informações atualizadas do andamento da doença em trabalhadores da região.
Mesmo com o avanço da Covid-19, muitos trabalhadores foram considerados “essenciais” em seus postos, e os “magarefes” foram um deles. Porém, instalações de frigoríficos contribuíram e muito, para o espalhamento da doença, por ser um ambiente fechado, com pouca circulação de ar. A primeira ação do grupo de vigilância sanitária foi a elaboração de uma Portaria que orientava empresas e trabalhadores como atuar nos ambientes de trabalho para evitar a contaminação, principalmente para grupos vulneráveis, como os indígenas, já que segundo Regina, tiveram “problemas com os frigoríficos e adoecimentos de comunidades indígenas que tinham muitos trabalhadores nesses locais”.
Para fazer o controle das notificações, foram criados dois sistemas o SES e o Sistra, para o recolhimento de dados – “Essas informações tinham como objetivo realizar ações de vigilância em saúde do trabalhador relacionadas a Covid-19, assim como monitorar casos no sistema de informação em saúde”, ressaltou Regina.
Para esse monitoramento, foram realizadas fiscalizações in loco, para verificar o cumprimento da Portaria nº 3, a interrupção do trabalho durante o final de semana para realizar a testagem em massa dos trabalhadores, assim com os coabitantes. “Teve uma grande mobilização para testagem. Ao todo, em torno de 27mil trabalhadores foram testados e mais de 3.500 foram positivados e afastados do trabalho, além disso, verificamos uma diversidade de trabalhadores que atuam em frigoríficos de Santa Catarina”, salientou Dal Casto, apontando 32 nacionalidades de trabalhadores diferentes prestando serviço em frigoríficos do Estado.
Multas e interdições foram algumas das medidas administrativas tomadas. Segundo Regina, muitos frigoríficos fizeram túnel de desinfecção, o que era proibido pela Portaria, e por conta disso, alguns foram interditados.
O SISTRA
O Sistema de Informação de Saúde do Trabalhador (Sistra) tem um roteiro específico, baseado na NR-36 e o Roteiro Covid-19 para ser aplicado em Frigoríficos. Ele consiste no cadastramento de trabalhadores, empresas, médicos que realizam os ASOS e os PCMSO e Engenheiros e técnicos de segurança que realizam os Programas de Saúde e Segurança. O programa já era utilizado para monitorar trabalhadores desse setor, e sofreu uma adaptação para atender a demanda da Covid-19, que contemplou a inspeção/Roteiro de autoinspeção, os dados dos afastamentos, testes, grupos de risco e dados referente a prevenção e cumprimento das legislações relacionadas a doença.
Antes dos Sistemas, Regina explicou que todos os dados recolhidos geravam um boletim semanal com casos de Covid, que eram lançados em planilha manualmente. Com o aprimoramento do programa, esses dados foram exportados, o que facilitou a emissão do boletim.
Regina ressaltou que Santa Catarina é o estado que mais tem Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) emitidas, diante disso, demonstrando que as ações de vigilância e monitoramentos precisavam ser mantidas. “Devemos fazer ações para que essas situações não aconteçam. Verificamos a negligências na realização de testes feitos pelos frigoríficos. Quando trabalhamos com vigilância temos o poder de polícia administrativa, podemos entrar no estabelecimento e fazer as notificações necessárias e o monitoramento dessas empresas, sempre com o pensamento de dar o melhor bem estar aos trabalhadores”.
Assista a atividade completa no vídeo abaixo: