Lançando seu décimo boletim, a Rede de Informações e Comunicação sobre a Exposição de Trabalhadores e Trabalhadoras ao SARS-CoV-2 aborda pontos importantes sobre a Pós-Covid, condição que ocorre, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em indivíduos com histórico de infecção provável ou confirmada por SARS-CoV-2, geralmente três meses após o início da Covid-19, com sintomas que duram pelo menos dois meses e não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo.
A busca por informações sobre essa nova condição da doença vem sendo mais aprofundada pela comunidade científica e profissionais de saúde, já que é difícil estabelecer um prognóstico e evolução de sinais e sintomas para um quadro de morbidades relacionadas à Covid-19.
O boletim da Rede explica que a Pós-Covid é “caracterizada por sintomas de efeito prolongado do coronavírus, que são manifestações clínicas persistentes ou novas detectadas após a infecção pela doença, e podem resultar em comprometimentos graves e incapacitantes, desassociado da gravidade do quadro (leve, moderado ou agudo) da Covid-19”. Inicialmente, a Covid-19 era uma doença que afetava apenas o pulmão, classificada como doença respiratória, mas dados do Informe 10 mostram que a Covid-19 não ataca somente os pulmões, mas também órgãos como o cérebro, coração, rins, fígado, entre outros. Por isso, o boletim salienta a importância de que sejam aprofundados estudos científicos sobre como a Covid-19 se manifesta nos diferentes sistemas do corpo humano.
Dados publicados no Lancet e Clinical Medicine e expostos no Informe 10 mostram que 3.700 pessoas de 56 países que participaram do estudo publicado pela revista, com diagnóstico confirmado ou suspeito para Covid-19, podem apresentar mais de 200 sintomas diferentes por prazos maiores de seis meses, mesmo que não tenham desenvolvido a forma grave da doença. Esses sintomas, como descrito no boletim, podem ser fadiga, mal-estar após esforço, palpitações cardíacas, problemas de controle da bexiga, dentre outros. Das complicações associadas à Covid longa o documento expõe questões relacionadas a neuropsiquiátricas, trato gastrointestinal, cardiorrespiratórias, vasculares e endócrinas.
Covid longa e o trabalho
Assim como no diagnóstico da doença, o boletim salienta que a Covid longa é uma doença ocupacional, por isso o trabalhador deve ser afastado do seu ambiente de trabalho, e o empregador fazer a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). O boletim também ressalta que a volta desse trabalhador depende de sua capacidade em realizar suas funções, além de avaliações clinicas para trabalhos que envolvam esforços físicos e mentais. “Trabalhadores que apresentarem condições de recuperação parciais de retorno ao trabalho deverão seguir as orientações médicas de quais tarefas poderão executar ou solicitar uma consulta com o Serviço de Medicina do Trabalho vinculado à empresa para realizar essa avaliação clínica ou mesmo de médico do trabalho vinculado ao sindicato da categoria”, orienta o boletim para trabalhadores e trabalhadoras que precisam retornar ao trabalho.
Além dessas informações, o Informe 10 também orienta os gestores e empregadores sobre a elaboração de planos de regresso ao trabalho. Detalhados por etapa, as orientações vão desde o contato com o trabalhador durante sua ausência de trabalho até a prestação de apoio contínuo e controles regulares desse trabalhador.
O boletim considera de extrema importância a assistência e reabilitação na rede de saúde pública e suplementar, por isso orienta que o “tratamento da Covid Longa seja realizado por equipes multidisciplinares, compostas de médicos cardiologistas, pneumologistas, radiologistas, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos e fonoaudiólogos – imprescindíveis para uma avaliação mais ampliada da saúde do trabalhador acometido por Covid Longa”. Em anexo, o boletim apresenta biomarcadores para facilitar a avaliação dos processos infecciosos.
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